segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Meridiano-Valentim Gentil-Votuporanga

Bom dia a todos os amantes de ferrugem não importa ela qual for: em pregos, parafusos, geladeiras ou a mais importante de todas "Em carros classicos, antigos e lindos".

Recentemente me peguei pensando sobre como nasceu esse amor por carros antigos e enferrujados. Acho que descobri a resposta. Quando era criança a casa do meu vizinho de frente no Mato Grosso era feita de madeira, um dia o tal vizinho resolveu reformar e reconstruir sua casa, derrubou toda a madeira para levantar tijolos.

Me lembro de ir brincar nos destroços desta casa, um belo dia pisando naquelas taboas senti uma fisgada no pé, ao levantar o mesmo percebi que havia um grande e enferrujado prego virado para cima no qual eu havia pisado. Pronto, nascia ali o virus da ferrugem em meu organismo. Nunca mais seria o mesmo.

Porem isso não é interessante, interessante é se essa história for similar a história de 90% daqueles que acompanham o blog, ai sim teremos a explicação.

Contudo, vamos a viagem da semana. Por diversas razões não realizei essa semana o passeio que gostaria, a mais forte de todas é o financeiro. Então resolvemos (eu e Andressa) a ir para Votuporanga atras de ferros-velhos que possuissem a bendita lateral traseira direita do opala 75 4 portas que tem me dado tanto trabalho para ser encontrada.
Porem como este é um blog que fala de aventuras, não poderia simplesmente pegar a rodovia principal e desovar em votuporanga em apenas 30 minutos, seria covarde, desumano e anti-etico de minha parte.

Partimos então pela rodovia viscenal, de chão com mesclas de asfalto para ver se encontravamos algo no caminho.

O legal que esta estradinha margeia a todo tempo a ferrovia, dando um ar letargico na coisa quando vc faz uma curva e avista o trem vindo em sua direção.

Pois bem, passado os primeiros 20km, com a Andressa ja muito brava reclamando na minha orelha "se vc não souber onde esta eu prefiro parar aqui e voltar pra trás" (que absurdo, eu sabia exatamente onde estava, no meio do nada) eis que surge um oasis na vegetação, um belissimo estoque de desmanche. Claro que parei para conferir


Caminhei pelo meio da plantação de carros e consegui encontrar três belissimos exemplares do muscle car verde-amarelo, porem nenhum deles era 4 portas. Continuamos a jornada.

Chegamos em Valentim Gentil, pequena cidade entre Fernandopolis e Votuporanga, porem nada havia ali, então dei prosseguimento rumo a Votuporanga.


La visitei os principais locais, mas como ja é de costume nada encontrei para minha reliquia. Por outro lado achei este belo exemplar de um 73 e uma Caravam. Hoje ligarei para descobrir se são para venda.

Bom pessoal, isso é tudo. Infelizmente o final de semana não foi dos mais generosos, porem tenho grandes esperanças para semana que vem.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um dia em Aparecida do Taboado

Sabado, 17/09/2011.  Saimos de Fernandópolis eu e Andressa, minha esposa. O destino era uma cidadezinha na fronteira de SP com MS: Aparecida do Taboado.

Fomos atras de peças para meu opala 75, lembro de em ocasiões passadas ter visto um opala semelhante em um destes desmanches a beira da pista por ali. Após 1 hora de viagem chegamos a cidade, pedi para que a Andressa ficasse de olho nas ruas que iam se passando e nas garagens, ela tem uma vista muito boa para reliquias, e logo de cara nos deparamos com um Dodge Magnum branco bem integro guardado em uma garagem, "o dia promete" pensei.


Cruzamos por toda a cidade até o tal desmanche. Eis que então encontro o famigerado opala 75 4 portas, por incrivel coincidencia amarelo como o meu. Meus olhos encheram de brilho e esperança, encontrei o fiel doador de peças que tanto procurava. Rá mera ilusão.


Procuro pelo sujeito proprietário da barca. Encontro um homem sem camisa, um tanto quanto rispido, nada que ja não esperava encontrar. Conversamos sobre o carro e ele me revela que não tem interesse em desmonta-lo. Somente vende o carro por inteiro, o preço: 2.500,00. Pra quem ja quase teve que prostituir o corpo para comprar um por 1.100,00, como arrumar dinheiro para isso. e não houve choro que resolvesse o caso. Após muita batalha desisto do dialogo, anoto o telefone do sujeito e me retiro. A tarde parecia perdida, sol quente (em torno de uns 39º), poeira e a cidade não aparentava possuir mais nada.

Então resolvi adentrar mais nos bairros de periferia, a busca não demorou muito, logo passo por uma oficina e dou de cara com um maveco desmontado ao relento:

Ao lado estava um simpatico casal conversando atarefado. Um deles era o dono da oficina. Conversei com ele, me informou que era de um amigo o maverick e que o mesmo tinha interesse em vender, por belissimos 5.000,00 (parece que o bicho carpinteiro dos preços altos de carros antigos ja picou o pessoal desta cidade). Possui tudo em separado, paralamas, motor 4cc, cambio, bancos, etc. O mecanico me conta que o carro ja foi dele, vendeu para o amigo por 2.000,00 na época e que o mesmo desistiu temporariamente da restauração.
Peço orientação para saber se existem mais carros naquele estado pela cidade a venda, ele me indica mais dois locais, um uma chacara a 50km dali onde repousam 2 mavericks enlonados de seu cunhado. Outro um mecanico de opalas que tem um pequeno depósito particular.
Sigo para o mecanico primeiro pela proximidade, ao chegar no lugar avisto algumas lindas caravans no fundo da casa, na frente um opala 75 verde musgo esta levantado pelo macaco com seu dono "Beronha" deitado embaixo arrumando a suspensão.
Puxo conversa com o homem e logo percebo que existe algo de diferente nele, a simpatia e reciprosidade são até estranhas. Pergunto sobre peças para um opala 75 e ele informa que não possui, mas me mostra com prazer sua coleção sucateada:





Me informa que tudo ali esta a venda, seu opalão 75 = 8.000,00
O comodoro 81: 400,00
As caravans: de 500,00 a 750,00
O Opalão Azul: 300,00

Conversamos e logo descubro que ele tambem faz artesanalmente um gerador de Hidrogenio, que retira da agua com bicarbonato o hidrogenio e o mistura a gasolina dentro do carburador, aumentando a economia dos carros em 40 a 60% segundo o mesmo, impressionante ver um opala movido quase que exclusivamente a agua. Depois de horas de conversa Beronha me diz sobre os mavecos na chacara, ele mesmo os rebocou a 5 anos atras. Sigo entao para o ultimo destino antes do retorno.

Da trabalho, mas eu e Andressa encontramos finalmente a tal chacara, tudo isso ao som de ACDC para melhorar os animos. Quando chego avisto no quintal as belezuras em quase estado de decomposição:


O verde esta lixado e preparado a 5 anos para uma restauração, o branco segundo dizem esta um pouco podre mas com certo esforço ainda da para salvar. Não retirei a lona para não dar trabalho ao pessoal da chacara, mas o valor de ambos sem motor até que é atraente, 5.000,00 e você leva dois presentes embora.

Ja cansados da viagem resolvemos então retornar a nossa Ferrugemcaverna, agora estamos planejando o proximo local a ser visitado. Em breve mais aventuras

Uma homenagem: Sr. Orlando

Bom dia amigos e irmãos de ferrugem. Como primeiro post, gostaria de dedicar o inicio deste blog ao Sr. Orlando.
Porém ao utilizar toda minha capacidade intelectual (que não é muita diga-se de passagem) refleti e ponderei sabiamente, "porque criar o post inicial em homenagem a um homem que nunca conheci e somente ouvi rumores?"
Simples, Sr. Orlando não foi nenhum lider espiritual, nem um lider de alguma nação desenvolvida, nem mesmo um herói altamente glorificado em filmes e gibis. Sr. Orlando foi sim um homem, anonimo aos olhos do mundo como todos nós, um homem que viveu sua infancia, gerou uma familia, alimentou e educou seus filhos e morreu ao não resistir mais a sua doença.
E porque, ainda assim, este blog dedicado a historias de reliquias automotivas encontradas nos mais deploraveis estados de conservação dedicaria tantas linhas a este homem? Após tanto suspense e perguntas repetidas eis que lhes trago o verdadeiro "X" da questão.
Sr. Orlando traz consigo uma das mais lindas historias de relação homem-carro que tive conhecimento desde "Christine - O carro assassino". Ele adquiriu seu opala 4 portas (bege) com cambio na coluna 3 marchas em emados de 1979-1980 e com este carro sustentou toda a familia, sustentou seus vicios, sustentou suas mulheres e sua felicidade até meados de 2006-2007, quando então de cansaço sucumbiu a doença e foi repousar em uma cama durante alguns anos, lugar do qual só sairia para o próprio sepultamento.
Sr. Orlando faleceu no mes de setembro de 2011, hoje seu opala 4 portas (bege, que após varias analises descobri que é amarelo trigo) encontra-se encostado atras da parede onde apoia-se este computador, em minha posse. O adquiri pelo irrisório valor de 1.100,00 reais e pretendo um dia devolver-lhe a glória dos tempos de táxi nas mãos de Sr. Orlando.
O interessante desta história contudo fica para o final, ao ser informado pelo filho, em um sabado, que o opala havia sido vendido Sr. Orlando repousa finalmente e se vai na segunda feira, sabendo que sua maior reliquia esta hoje bem guardada e protegida. O dinheiro, um valor pequeno, foi utilizado como ultimo gesto de serventia do Opalão, que construiu o tumulo que hoje guarda os restos carnais de um homem que outrora dirigia opalas por ai.
Portando caros irmãos de ferrugem, se para vocês esta estória de ligação de um carro velho, antigo e enferrujado com seu antigo dono não for significante, jamais saberei o que poderá vir a ser.

Grande abraço e que os jogos comecem.